terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ele se perdendo dela


Ele estava apenas sentado, mas se sentia acorrentado, preso e inerte...
Observava ela se vestir e se lembrou dos tempos em que ela transformava as vestes em armadura, tudo parecia um retrocesso. Só que agora doía mais.
Ela agora, era dele. Ele sabia suas fomes e vontades; seus medos e prazeres, e mesmo assim ela estava indo. Ele não sabia o que fazer e nem se devia fazer algo. Já tinha se doado, a protegido e mesmo assim, ela queria partir.
Não entendia essa necessidade que tinha de ser livre, ele não a prendia, apenas queria saber do seu dia, dos seus sonhos e planos. Ele não queria sufocá-la, mas era inseguro. Tinha medo que se ela se afastasse um pouco, pudesse vê-lo melhor e não o quisesse mais.
Ela era por demais encantadora e ele sabia que era capaz de ter o homem que desejasse... sentia medo, que este não fosse ele.
Ele sabia que ela era sincera e que o amava, mas a insegurança é como uma aranha... tecendo sua trama... Tornando-o fraco e desconfiado. Sabia que a magoava, tentava evitar e se calar... mas,por muitas vezes disse em silêncio, questionou com o olhar, foi duro nas ações e a afastou, quando o que mais queria era tê-la. Amá-la era a coisa mais intensa em sua vida. Acordar ao seu lado, ouvi-la divagar,vê-la ser o que era: livre e feliz!
E mesmo amando-a assim, tentava matar o que ela tinha de mais lindo, só para tê-la só para si. Estes amores egoístas que limitam o outro,para tamponar seu brilho..não por inveja, mas por medo de ser pequeno demais,sem graça demais.Assim, tentar diminuir o outro para se igualar em beleza.
Quantos amores acabam assim, solitários e secos, por que mataram o que amavam. Pediram para mudar o que os encantava. Apagaram o fogo que os aquecia e quando tudo terminava, ainda se questionavam, porque deixaram de amar. Pediam para o amado ceder, se encaixar em suas vontades e depois quando os olhavam..não os reconheciam mais.Não os admiravam mais.
Ele sabia que ela estava nervosa, pela forma que apertava as mãos...queria levantar e abraçá-la, implorar que ficasse...mas,ele não estava errado, ela que não valorizava o amor deles e partia por capricho. Ele era orgulhoso e se sentia como namorado, no direito de pedir que ela abrisse mão de algumas coisas que o desagradava. Mas, para ela essas pequenas coisas, eram maiores do que o amor que tinham...Que fosse embora ,então! Pensou desaforado, como forma de proteção. Sentir raiva é o recurso mais eficiente para bancar a separação. Se sentir ofendido e com razão, métodos de proteção...proteção contra o cinza que ameaçava se instalar,pós meses de belas cores, muita intensidade e verdadeiro amor...
Ela o olhou,como se desse a última chance a ele de pedir que ficasse, recolheu as coisas e fechou a porta.
Deixou lá dentro um homem apaixonado, com um grito sufocado na garganta...A lágrima rolou em silêncio,mas ela já estava longe para ver e longe demais para ser alcançada.
Só quem já amou é capaz de entender a dor que é ver o outro partir, e não ter a coragem de pedir que não se vá... é correnteza de rio, sufocando,revirando e mesmo querendo viver, desistir de nadar...
(Felícia Rodrigues)
Amores meus,bjus no coração!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ela se perdendo dele...

Ela sabia que havia chegado a hora de partir, de calçar os sapatos, pegar a mala e não olhar para trás...
Tinham tido meses lindos juntos, com amor tudo se torna mais belo e juntos eram o encaixe.. Mas,estavam em crise,como qualquer casal e isto era ruim...serem como qualquer casal, era como se o encanto de serem únicos, estivesse escoando em um desencontro de planos.
A mala estava cheia de promessas e lembranças, não de roupas, por que por mais que ele insistisse que deveriam dividir a casa, já que dividiam os corações, ela sabia que era precipitado. Era como se temesse que o acordar todos os dias ao seu lado, o fizesse mais humano. Ela tinha medo das falhas humanas, mesmo por que tinha muitas.
Ah..e ela gostava de ser livre e de ter seu espaço. De tê-lo sem cobranças e de sê-lo sem medo.Ele não se acostumara com seu jeito, brigava por seus amigos, brigava por que não entendia que ela tinha que ficar só e muitas vezes até por seus devaneios. Ela tentava entender que ele tinha seus medos e neuras e uma carga de relacionamentos desastrosos, mas se magoava por ele não confiar.
Ela era dele em corpo e alma, ela se doava, mas não aceitava ter que mudar ou ter que deixar coisas tão importantes, só porque ele se sentia inseguro.Isto era um ponto negativo para ela, ela o conheceu confiante e aprendeu o amar assim, agora não queria uma sombra do que amou...
E ele também havia se apaixonado por essa mistura louca que ela era. Ele se apaixonou pelo ser vibrante que acordava sorrindo, que investia na vida e se doava ao mundo. Não era justo pedir agora, que se perdesse de si e se recriasse nos moldes em que ele desejava.
Ela estava com a alma cortada, mas em momento algum pensou em ceder... não por que era má, mas sim porque se amava assim...ela o amava como era, não pedia mudanças.Queria reciprocidade e aceitação.
Ela estava chorando, coisa que não o fazia com muita freqüência. Apertava as mãos nervosamente e respirava fundo, mas a angustia cantarolava sua canção inquietante na garganta...aquela que ofega e comprime.
Ela tinha que ir, ele estava sentado, olhando-a quase que com ódio, como se a acusasse de não concretizar os planos que ele havia feito. Mas, e ela? Também não podia sonhar?
Ela deveria deixar de ser, só para agradá-lo...ele achava que sim..era em nome do amor, de um bem maior..era o que ele justificava.Mas, não a convencia.
Para ela amor era outra coisa, algo menos palpável definido. Amor para ela era algo que ficava entre o completar e o sorrir. Amar era estar por querer...é poder ir até onde desejar..por que a presença não é física, é na alma. Ele estava sempre com ela, porque o amava...não precisava tê-lo 24 horas para sabê-lo.
E quando estavam juntos...ela era tudo que podia ser, ela o amava, o devorava e permitia que ele visse o quão dele ela era... será porque ele não enxergava? Talvez, por que não a visse de verdade... a olhava e alcançava apenas o que desejava.
Ele não pediu que ficasse, não esticou a mão ou ao menos a olhou. Ela se levantou, deu-lhe um longo olhar, destes marejados de amor e dor, pegou as coisas e fechou a porta... lá fora o mundo continuava...colocou os óculos, acendeu o cigarro e partiu.
Para o mundo ela era a mesma mulher, forte e confiante... por dentro,se revirava, se revoltava e sangrava...
Amar não é fácil, mas precisava doer tanto?
(Felícia Rodrigues)
P.S: Senti saudades deles...
Bjus,amores...espero que gostem