segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ele sem ela


Ele já estava mareado.

Seu olhar no espelho estava turvo e nem assim,com a noite chegando ao fim,ela havia saído de seus pensamentos.
Havia passado o tempo todo com os amigos, flertando com outras mulheres, artifícios em vão para tirá-la da cabeça.

Tinha visto seu rosto em outras, ouvido sua voz e sentido seu cheiro por todos os cantos.
Conferiu o celular pela milésima vez e nenhuma ligação dela. Onde ela estaria? Será que nos braços de outro? Esta possibilidade lhe roubava o sossego, afinal ela lhe pertencia e só ele podia tocar em sua pele e a possuir.
Sentiu vontade de invadi-la e prende-la.

Será que se fosse a sua casa, ela o atenderia? Será que o aceitaria assim, no meio da madrugada, bêbado e louco de paixão?

Não, ele nem se arriscaria. Afinal, se ela quisesse que ligasse. Era assim,que fora acostumado, a ser procurado. Nenhuma outra o havia deixado neste estado de incerteza.
Olhou mais uma vez seu rosto retorcido de angustia e percebeu quanto tempo estava ali, naquele banheiro sujo. Resolveu voltar aos amigos e continuar com aqueles assuntos e piadas que não mais lhe prendiam a atenção.
Pensou em ficar com outra e se saciar com uma estranha. Mas, ele sabia, que desejo quando tem endereço certo, não se contenta com substituição. Apenas ela seria capaz de acalmar-lhe o corpo e a alma.
Sim, entre eles era transcendente, era união de corpo, paixão, alma e querer.
Ele queria devorá-la e descobri-la.

Torná-la palpável, quem sabe assim, o encanto diminuiria. Este não saber o enlouquecia e o fazia querer mais.
Eles já saíam há quase um ano e ele pouco sabia dela, apenas que era a mulher mais cativante, espontânea e cheia de vida que já tivera a oportunidade de conhecer.

Não era a mais bela e nem tinha o corpo mais perfeito. Mas, era a mais diferente, exótica e com o sorriso mais contagiante.
Quando ela sorria, ele se esquecia do mundo e das outras.

Seu jeito de olhar o fazia desejar protegê-la e ao mesmo tempo se protegido. Protegido da intensidade do que sentia.
Com certeza, ela era a que mais se entregava, a que amava com mais paixão. Mesmo não sabendo muito de sua vida, quando seus corpos se encontravam, ele a reconhecia por inteiro.
Pediu mais uma dose, enquanto admitia ser covarde. Covarde por não procurá-la, por se esconder naquele bar enfumaçado e por fugir do que de mais belo havia lhe ocorrido.
Sorriu tristemente, deu mais gole e brindou ao seu orgulho e covardia. Às vezes, caminhar por caminhos conhecidos era mais seguro, mesmo que os outros sejam mais belos e encantadores.
Ela era o desconhecido e mesmo sendo mais atraente, ele não se permitia seguir...essa estranha mania de se boicotar. Se ao menos se permitisse...
Virou a dose, despediu dos amigos e foi para casa.

Mais uma noite que mesmo sem vê-la,ele tinha sido dela...

Mais uma noite de desejos recolhidos, pensamentos ocultados e amores claro, não ditos!
(Felícia Rodrigues)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigos!!!!!!


Para vocês que me acalmam o coração

Que se doam e me completam,

Que me fazem sorrir e amparam minhas lágrimas,

Escutam minhas desventuras e me ajudam a levantar

Que são, que estão e que me tornam mais humana.

Meu sincero obrigada, não só hoje no dia do amigo....mas, sempre!!!

Amo vocês!!!!!

bjus, queridos meus!!!!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ela sem ele...


A taça de vinho já estava pela metade, o cinzeiro cheio e o filme no fim.Sempre que se sentia confusa, ela recorria a estas noites de porre solitário: o filme para distrair, o vinho para entorpecer e o cigarro por pura ansiedade.
No início sempre alcançava bons resultados, mas com o passar do relógio e com a descida vertiginosa na garrafa, seu pensamento caminhava por trilhas distantes e o filme era esquecido.
Nesta noite, ela já tinha pegado o telefone com a firme decisão de ligar para ele, mas não prosseguiu em nenhuma das tentativas. Largava o aparelho e completava a taça. Ria sozinha de sua insegurança e tomava mais um gole.
Quando parava para pensar na relação que tinham, nunca conseguia achar uma definição para o que sentia ou queria. Ele sabia como seduzi-la, mas sabia também como fazê-la sentir repulsa.Ela não sabia se era o jeito ou a forma que ele tinha de encarar as coisas...mas, por muitas vezes,ela queria se ver longe.
Mas, ao contrário do que sentia, sempre ia ao seu encontro, atraída como mariposa na luz. Ele havia se tornado um vício, que mesmo fazendo mal, não resistia ao prazer louco e momentâneo.
Nunca tinham tido nada sério ou oficial, sempre encontros na calada da noite, sem testemunhas. Ela o conheceu assim, no escuro e por lá permaneceram. Talvez, ela tivesse medo que no claro ele perdesse o encanto. Que suas mazelas fossem maior que seus atrativos...atrativos? quais? Ela não sabia responder e nem sabe se queria, parte da atração vinha do mistério.
Ela o via como um ser sem parâmetros ou gêneros. Ele era ele. Ele era o que ela imaginasse e por isso, não fazia questão de defini-lo.
Olhou para o telefone e acendeu o cigarro, fumar estava funcionando mais que comer chocolate, já que a ansiedade lhe apertava o peito.
Tragou como se sugasse a paz de espírito que lhe faltava, virou o vinho e desejou seus beijos.
Desejos...desejos, estes sempre não ditos. Mais uma noite que mesmo só, ela tinha sido dele.
Quis seu corpo e nada fez. Tentou imaginar onde ele estaria e se lembrou de seu cheiro...
Ela já não sabia se era melhor estar com ele, ou recriá-lo na memória. Talvez, este prazer em esperar é que lhe alimentava a alma...
(Felícia Rodrigues)
P.S: Para o fim de semana!!!!!
Bjus, aqueridos meus!!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ele



Aproveitando que ela havia se levantado para acender um cigarro, observou o contorno de suas costas e as curvas de seu corpo. Chegou a estender a mão para tocá-la e sentir a pele que sempre o seduzia, mas recuou.
Preferiu fumar também, cigarros sempre o acalmavam, já que ela sempre o deixava desconcertado. Nunca sabia como agir, mesmo tendo tanta intimidade, conhecer cada parte de seu corpo e de seus prazeres...
Para além da cama, ela era um mistério para ele. Seu coração sempre disparava quando estavam em contato, mas não sabia o que fazer com isto, com toda esta turbulência, afinal nunca esteve acostumado com este tipo de sensação.
Ele queria mostrar que ela era só mais uma, mas nem isto conseguia. Ela sempre o confundia, o dominava e misturava todo o seu ser.
Por muitas vezes quis dizer o que sentia, mas aquele terreno era perigoso e ela segura demais. Ele a via como algo inalcançável, por isto recolhia a mão, quando sentia vontade de apertá-la.
Ela se vira e o toca, dedos mágicos ela tinha. Eram capazes de fazê-lo vibrar... Ele sempre a queria de novo , desejo estranho este que nunca se cansa.
Mas, ela pós entrega se fechava e ele jamais a alcançava. Seus olhos se perdiam longe. Como ele queria adentrar seus pensamentos e tomá-los para ele. E conhecer cada parte daquele ser que ele possuía sem ter.
Mas, ele não queria se mostrar demais e ser refutado.Quando ela se prendia nele e o olhava fixamente, durante o gozo, ele retirava o olhar... Tinha medo que ela lhe roubasse os segredos. Tinha medo que ela lhe roubasse a alma e ele já era calejado demais.
Ele a puxou, não resistindo à vontade de tocá-la, momentos estes que podiam não ter fim. Ela aninhada em seu peito, o cheiro de seus cabelos lhe invadindo os sentidos...
Amanhece e ele a vê se vestindo, colocando as peças que lhe serviam de armadura.
Ela se aproxima e lhe dá um beijo de despedida, ele tem tanto a dizer, mas, permite que ela se vá...
Esses amores não ditos...
Se pelo menos fossem francos ao menos uma vez...
(Felícia Rodrigues)

P.S:Empolguei e já que me pediram...está aí!!!!

Bjus e até a próxima,queridos meus!

Ela


Ela se virou para o canto, sorriu e buscou na mesa ao lado o maço de cigarros...
Era quase que para completar o gozo, umas tragadas ao fim do ato. Olhou de relance e deu um meio sorriso para o seu companheiro, ali, nu e totalmente esgotado. Pensou que ainda queria mais e que como ele se dava tão pouco.
Mais um trago e um cafuné nas costas dele. Ela sempre o queria, era um desejo que não se saciava, talvez por nunca o sentir por inteiro .Mas, ao mesmo tempo, era esta estranha mania que ele tinha de não se entregar que a atraia e tanto a excitava.
Ele era um desafio ou apenas, algo fora de controle. Ela gostava de controlar, como controlava a cinza do cigarro...evitando que ela caísse no chão...não batia no cinzeiro..apenas observava e fazia equilíbrio para não se sujar.
Ele era assim, mais brasa que cinza: inconstante, quente, atraente e sempre a queimava. Ela já estava se acostumando a estas queimaduras... Sabia que não devia, mas sempre era atraída e terminava ali, nos braços dele, fumando mais um cigarro.
Ela, tão dona da razão, acabava sentindo prazer também, em se sentir insegura, ver o filme já sabendo do fim,não causa arrepio.Com ele tudo era possível e nada era concreto.
Ele a encaixou em seus braços, era um sujeito carinhoso, mesmo que arredio e algumas vezes, deixava mostrar seus reais sentimentos...mas, tinha a péssima mania de se boicotar.
Algumas pessoas são assim, fogem da felicidade, por estarem mais acostumados a velha e conhecida solidão...
Os dois estavam ali, entregues e se amando, mas não sabiam disso...ela e suas dúvidas, ele e seus traumas. Nunca falaram sobre o que sentiam, logo, um nunca soube o quanto aqueles momentos eram únicos, para os dois.
Amanheceu,ela se vestiu...toda a mágica tem um fim: no cinzeiro as guimbas, na memória as lembranças e no corpo, o calor. Olhou para ele, um beijo no rosto e um até breve.
Ele não viu o olhar dela e ela não sentiu seu tremor...
Ahhhh! Se eles fossem francos pelo menos uma vez....
(Felícia Rodrigues)


P.S: Tentando outras formas de escrever...espero que aprovem!

Bjus e até a próxima, queridos meus!!!!!!!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

NEM SEMPRE SOU IGUAL



Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.

Mudo, mas não mudo muito.

A cor das flores não é a mesma ao sol

De que quando uma nuvem passa

Ou quando entra a noite e as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.

Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:

Se estava virado para a direita,

Voltei-me agora para a esquerda,

Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés

-O mesmo sempre, graças ao céu e à terra

E aos meus olhos e ouvidos atentos

E à minha clara simplicidade de alma ...

(Alberto Caeiro)


P.S: Alberto Caeiro , para quem não sabe, é um dos heterônimos de Fernando Pessoa.

De forma diferenciada e mais objetiva, mas com a mesma sensibilidade, em qualquer nome que adotasse.

Indico a todos a conhecerem mais sobre a obra dele, tanto adotando os 2 nomes citados acima ou com o nome de Álvaro de Campos.

Amores meus, um lindo fim de semana a todos.

Bjus

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Desejos!!!!!


Não há nada que me deixe mais frustrada

do que pedir sorvete de sobremesa,

contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente com uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante,menor a porção da sobremesa.

Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.

Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga:

cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu,embrulhado pra presente. OK?

Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . .

(Danuza Leão)


P.S: Recebi este texto hoje da minha prima Ró(valeu,mto bom) e achei muito bom, passei mal de rir de nossas bobagens e de quanta vontade passamos.

Ás vezes, a satisfação está na nossa frente é só dar um passo, mas recuamos por muitas vezes ideais de outros, ideais sociais que muitas vezes nem são nossos...

È como já disse outras vezes aqui e reforço: não é fácil sair do padrão, não é fácil dizer NÃO e nem fácil dizer SIM...

Não é fácil se assumir e se bancar!!!!!Mas ,com certeza continuo apostando que vale a pena!!!!

Hahaha... eu que o diga... e minhas roupas extravagantes, meus óculos coloridos, minha risada alta e minha língua sem freio....

P.S*: Ah! eu trocaria no texto os episódios de 'Law and Order' por vários filmes e o Richard pelo Jude Law ou pelo Hugh Jackman.. mas, tá valendo!!!!!

P.S***: como sempre....mil bjos, queridos meus....com muito amor!