
Fulana era mulher como qualquer outra...nem alta,nem baixa; nem magra e nem gorda. Tinha um rosto normal, embora alguns dissessem que seus olhos fossem profundos como lagoas em noite de luar: refletem, mas não se mostram.
Tinha seus amigos, bebia, sorria, trabalhava e chorava,embora ninguém nunca o visse. É, Fulana se orgulhava de ser durona, mesmo com o coração tão dolorido que a fizesse arfar de desalento.
Era fortaleza para qualquer vendaval alheio, menos para os seus que a destruíam, reviravam o interior...mas, estes eram silenciosos.
Era como se fosse pecado não ser capaz. Para esta mulher, a dor era mais intensa, por ser tão secreta. Existia dias em que os suspiros eram incontáveis...mas,todos dentro do banheiro ou quarto.
Nunca havia testemunhas, ouvidos ou braços para ampará-la. Não havia sido criada para sofrer...mas,sofria...ela fortalecera suas barreiras, mas,as fendas...bom, estas sempre permanecem.
Muitas vezes inotáveis, muitas vezes...muitas vezes..grandes buracos de solidão. Hoje era um desses dias em que Fulana se jogaria no poço ou gritaria por horas... choraria, quebraria uma casa e se perderia dentro de si.
Ah! Mas, ela sorria e contava piadas. Seu coração não a dominaria, nunca o permitiu. Não seria hoje o início de tal degradação. Respirou fundo e pensou: agüente, daqui a pouco estará só... daqui a pouco será possível respirar e permitir que a represa se fosse, que as lágrimas q lhe marejavam, gotejassem até se sentir seca. Esta mulher cheia de si e de força abriu a porta de casa, escorreu até o chão e lá se entregou.
Chorou como se fosse a única coisa possível. Não nomeou o sentimento...se misturou ao desespero, se perdeu na angústia.
Suspirou, ofegou...se permitiu até gritar. Este era o pranto de quem não podia agir, de quem se permitiu estar na mão de outro. Em alguns momentos que pensamos “se dependesse de mim...”, mas não dependia dela, nem do que sentia e muito menos do que queria.
Fulana era mais uma vítima destes amores sem retorno...quem nunca os teve? Para ela doía um pouco mais...era o primeiro. Esta era a primeira vez que tinha se permitido amar tão loucamente. Tinha sido tão ela, tinha se desarmado e apostado. Mas, ela conheceu o que é apostar sem garantia.
Não tinha tido muito sucesso e agora, mesmo não se arrependendo...sofria... Fulana, esta mulher como qualquer outra e que tinha como único diferencial ser forte, agora berrava...perdera um amor que nunca tivera e a única coisa que a tornava singular, a certeza de ser impenetrável. Olhou para a lua, estampada na janela e se perguntou por que.
Será que alguém saberia responder? Agora ela era multidão e isto a atormentava tanto como o fato de amar...( Felícia Rodrigues) Amores, bjus meus. Fê