quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fulana



Fulana era mulher como qualquer outra...nem alta,nem baixa; nem magra e nem gorda. Tinha um rosto normal, embora alguns dissessem que seus olhos fossem profundos como lagoas em noite de luar: refletem, mas não se mostram.
Tinha seus amigos, bebia, sorria, trabalhava e chorava,embora ninguém nunca o visse. É, Fulana se orgulhava de ser durona, mesmo com o coração tão dolorido que a fizesse arfar de desalento.
Era fortaleza para qualquer vendaval alheio, menos para os seus que a destruíam, reviravam o interior...mas, estes eram silenciosos.
Era como se fosse pecado não ser capaz. Para esta mulher, a dor era mais intensa, por ser tão secreta. Existia dias em que os suspiros eram incontáveis...mas,todos dentro do banheiro ou quarto.
Nunca havia testemunhas, ouvidos ou braços para ampará-la. Não havia sido criada para sofrer...mas,sofria...ela fortalecera suas barreiras, mas,as fendas...bom, estas sempre permanecem.
Muitas vezes inotáveis, muitas vezes...muitas vezes..grandes buracos de solidão. Hoje era um desses dias em que Fulana se jogaria no poço ou gritaria por horas... choraria, quebraria uma casa e se perderia dentro de si.
Ah! Mas, ela sorria e contava piadas. Seu coração não a dominaria, nunca o permitiu. Não seria hoje o início de tal degradação. Respirou fundo e pensou: agüente, daqui a pouco estará só... daqui a pouco será possível respirar e permitir que a represa se fosse, que as lágrimas q lhe marejavam, gotejassem até se sentir seca. Esta mulher cheia de si e de força abriu a porta de casa, escorreu até o chão e lá se entregou.
Chorou como se fosse a única coisa possível. Não nomeou o sentimento...se misturou ao desespero, se perdeu na angústia.
Suspirou, ofegou...se permitiu até gritar. Este era o pranto de quem não podia agir, de quem se permitiu estar na mão de outro. Em alguns momentos que pensamos “se dependesse de mim...”, mas não dependia dela, nem do que sentia e muito menos do que queria.
Fulana era mais uma vítima destes amores sem retorno...quem nunca os teve? Para ela doía um pouco mais...era o primeiro. Esta era a primeira vez que tinha se permitido amar tão loucamente. Tinha sido tão ela, tinha se desarmado e apostado. Mas, ela conheceu o que é apostar sem garantia.
Não tinha tido muito sucesso e agora, mesmo não se arrependendo...sofria... Fulana, esta mulher como qualquer outra e que tinha como único diferencial ser forte, agora berrava...perdera um amor que nunca tivera e a única coisa que a tornava singular, a certeza de ser impenetrável. Olhou para a lua, estampada na janela e se perguntou por que.
Será que alguém saberia responder? Agora ela era multidão e isto a atormentava tanto como o fato de amar...( Felícia Rodrigues) Amores, bjus meus. Fê

5 comentários:

  1. Fulana... Que sofre por ser vítma do seu primeiro amor sem retorno...
    Ahh! Fulana!!!! Quantos corações devem chorar por ti!!!!?

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  2. Muito bom seu post!! Parabéns!!!!!

    Beijo grande, com carinho!!

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  3. Fê , qdo eu estou assim tristinha , gosto de ler textos que façam eu me sentir ainda mais, alivia-me a dor, ver a minha dor pelo sentir de outro alguém...parece mágico mas assim sinto, e sinto como verdade.

    Vou te deixar dois textos aqui pra que vc talvez possa se sentir, pra que sintas q não estás sozinha..digamos assim:

    São eles:

    V
    V
    V

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  4. Havia apenas o mar nos olhos, uma vaga aflição e a espera amorosamente tecida nas canções, quando a lâmina tirou-lhe a voz da garganta e o oceano do peito, de um só golpe decepou-lhe a realidade e o sonho.

    Todas as justificativas para a dor são injustificadas quando o amor é óbvio e olha com olhos de esperança. recapitulados os dias
    perfeitos, impecáveis, indescritíveis dias de fascínio, nada mudou. como se um furacão de acontecimentos não a tivesse surpreendido.

    "Entre as quatro paredes do meu peito, só eu sei. só eu sei o que espero e o que desespero", foi a única pista rara vez sussurrada a alguém.

    No mais, permanece sentada à mesma janela de sempre. diz coisas incompreensíveis vez em quando. lê um livro.ouve música. olha em torno como se acordasse do sono, entoa alguma canção
    qualquer, vai e volta, sorri, diz às pessoas coisas gentis, prováveis. mas permanece lá, nas noites inquietas, (...)a espera, o desespero, raramente visíveis.

    Na sala, no quarto, no corpo, em todo lado os sinais da vida desfeita, que só ela sabe.

    Silvia Chueire

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  5. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.
    Todas essas coisas de que falo agora - as particularidades dos dragões, a banalidade das pessoas como eu -, só descobri depois. Aos poucos, na ausência dele, enquanto tentava compreendê-lo. Cada vez menos para que minha compreensão fosse sedutora a ponto de convencê-lo a voltar, e cada vez mais para que essa compreensão ajudasse a mim mesmo a. Não sei dizer. Quando penso desse jeito, enumero proposições como: a ser uma pessoa menos banal, a ser mais forte, mais seguro, mais sereno, mais feliz, a navegar com um mínimo de dor. Essas coisas todas que decidimos fazer ou nos tornar quando algo que supúnhamos grande acaba, e não há nada a ser feito a não ser continuar vivendo.

    - Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.

    Espero que esses textos tenham lhe sido útil de alguma forma FÊ.

    Bjinhos

    Erikah

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