Ele estava apenas sentado, mas se sentia acorrentado, preso e inerte...
Observava ela se vestir e se lembrou dos tempos em que ela transformava as vestes em armadura, tudo parecia um retrocesso. Só que agora doía mais.
Ela agora, era dele. Ele sabia suas fomes e vontades; seus medos e prazeres, e mesmo assim ela estava indo. Ele não sabia o que fazer e nem se devia fazer algo. Já tinha se doado, a protegido e mesmo assim, ela queria partir.
Não entendia essa necessidade que tinha de ser livre, ele não a prendia, apenas queria saber do seu dia, dos seus sonhos e planos. Ele não queria sufocá-la, mas era inseguro. Tinha medo que se ela se afastasse um pouco, pudesse vê-lo melhor e não o quisesse mais.
Ela era por demais encantadora e ele sabia que era capaz de ter o homem que desejasse... sentia medo, que este não fosse ele.
Ele sabia que ela era sincera e que o amava, mas a insegurança é como uma aranha... tecendo sua trama... Tornando-o fraco e desconfiado. Sabia que a magoava, tentava evitar e se calar... mas,por muitas vezes disse em silêncio, questionou com o olhar, foi duro nas ações e a afastou, quando o que mais queria era tê-la. Amá-la era a coisa mais intensa em sua vida. Acordar ao seu lado, ouvi-la divagar,vê-la ser o que era: livre e feliz!
E mesmo amando-a assim, tentava matar o que ela tinha de mais lindo, só para tê-la só para si. Estes amores egoístas que limitam o outro,para tamponar seu brilho..não por inveja, mas por medo de ser pequeno demais,sem graça demais.Assim, tentar diminuir o outro para se igualar em beleza.
Quantos amores acabam assim, solitários e secos, por que mataram o que amavam. Pediram para mudar o que os encantava. Apagaram o fogo que os aquecia e quando tudo terminava, ainda se questionavam, porque deixaram de amar. Pediam para o amado ceder, se encaixar em suas vontades e depois quando os olhavam..não os reconheciam mais.Não os admiravam mais.
Ele sabia que ela estava nervosa, pela forma que apertava as mãos...queria levantar e abraçá-la, implorar que ficasse...mas,ele não estava errado, ela que não valorizava o amor deles e partia por capricho. Ele era orgulhoso e se sentia como namorado, no direito de pedir que ela abrisse mão de algumas coisas que o desagradava. Mas, para ela essas pequenas coisas, eram maiores do que o amor que tinham...Que fosse embora ,então! Pensou desaforado, como forma de proteção. Sentir raiva é o recurso mais eficiente para bancar a separação. Se sentir ofendido e com razão, métodos de proteção...proteção contra o cinza que ameaçava se instalar,pós meses de belas cores, muita intensidade e verdadeiro amor...
Ela o olhou,como se desse a última chance a ele de pedir que ficasse, recolheu as coisas e fechou a porta.
Deixou lá dentro um homem apaixonado, com um grito sufocado na garganta...A lágrima rolou em silêncio,mas ela já estava longe para ver e longe demais para ser alcançada.
Só quem já amou é capaz de entender a dor que é ver o outro partir, e não ter a coragem de pedir que não se vá... é correnteza de rio, sufocando,revirando e mesmo querendo viver, desistir de nadar...
(Felícia Rodrigues)
Amores meus,bjus no coração!
Fê